O avanço da inteligência artificial (IA) tem transformado a indústria editorial, mas também trouxe novos desafios éticos. Recentemente, a HarperCollins propôs pagar US$ 2.500 por autor para incluir obras em bases de dados que treinam IAs. A oferta, válida por três anos, foi criticada por muitos escritores, que a consideram insuficiente frente aos riscos. Uma vez usadas para treinar modelos de IA, as obras podem ser manipuladas e comercializadas sem controle ou lucro adicional para o autor.
A principal preocupação está na perda de autonomia sobre criações. Escritores temem que, ao ceder direitos, suas obras sejam exploradas indefinidamente, comprometendo o mercado literário tradicional. Além disso, o uso de IA pode dividir o setor em dois segmentos: leitores que buscam conexão humana nas obras e consumidores satisfeitos com conteúdo gerado por algoritmos. Essa dicotomia levanta questões sobre a valorização do trabalho criativo e o impacto das IA no futuro da literatura.
Enquanto isso, outras editoras buscam proteger os direitos autorais. A Penguin Random House, por exemplo, proíbe o uso de seus livros por sistemas de IA, enquanto editoras menores investem em rótulos “livres de IA” para diferenciar obras humanas. A controvérsia destaca a necessidade de regulamentação clara e o dilema de equilibrar inovação tecnológica com a preservação da autoria e integridade criativa.